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sábado, 26 de março de 2011

Geração à rasca ou mal habituada


O texto não é meu e tenho pena mas não sei quem escreveu...
Mas revejo-me nele na perfeição. Sim eu também vendi cafés, vestidos de noiva, lavei casas de banho, fiz camas,... e sei lá mais o quê. Algumas destas coisas depois de terminar a faculdade.





"A geração dos meus pais não foi uma geração à rasca. 

 

Foi uma geração com capacidade para se desenrascar.



Numa terriola do Minho as condições de vida não eram as melhores.



Mas o meu pai António não ficou de braços cruzados à espera do Estado ou de quem quer que fosse para se desenrascar.



Veio para Lisboa, aos 14 anos, onde um seu irmão, um pouco mais velho, o Artur, já se encontrava.



Mais tarde veio o Joaquim, o irmão mais novo.



Apenas sabendo tratar da terra e do pastoreio, perdidos na grande e desconhecida Lisboa, lançaram-se à vida.



Porque recusaram ser uma geração à rasca fizeram uma coisa muito simples.



Foram trabalhar..



Não havia condições para fazerem o que sabiam e gostavam.



Não ficaram à espera.



Foram taberneiros.



Foram carvoeiros.



Fizeram milhares de bolas de carvão e serviram milhares de copos de vinho ao balcaão.



Foram simples empregados de tasca.



Mas pouparam.



E quando surgiu a oportunidade estabeleceram-se como comerciantes no ramo.



Cada um à sua maneira foram-se desenrascando.



Porque sempre assumiram as suas vidas pelas suas próprias mãos.



Porque sempre acreditaram neles próprios.



E nós, eu e os meus primos, nunca passámos por necessidades básicas.



Nós, eu e os meus primos, sempre tivémos a possibilidade de acesso ao ensino e à formação como ferramentas para o futuro.



Uns aproveitaram melhor, outros nem tanto, mas todos tiveram as condições que necessitaram.



E é este o exemplo de vida que, ainda hoje, com 60 anos, me norteia e me conduz.
 
Salvaguardadas as diferenças dos tempos mantenho este espírito.



Não preciso das ajudas do Estado.



Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se.



Não preciso das ajudas da família que também têm as suas próprias vidas.



Não preciso das ajudas dos vizinhos e amigos.



Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se.



Preciso de mim.
Só de mim.
E, por isso, não sou, nunca fui, de qualquer geração à rasca.
Porque me desenrasco.
Porque sempre me desenrasquei.



 
O mal desta auto-intitulada geração à rasca é a incapacidade que revelam.



Habituados, mal habituados, a terem tudo de mão beijada.



Habituados, mal habituados, a não precisarem de lutar por nada porque tudo lhes foi sendo oferecido.



Habituados, mal habituados, a pensarem que lhes bastaria um canudo de um qualquer curso dito superior para terem garantida a eterna e fácil prosperidade.



Sentem-se desiludidos.




E a culpa desta desilusão é dos "papás" que os convenceram que a vida é um mar de rosas.



Mas não é.



É altura de aprenderem a ser humildes.



É altura de fazerem opções.



Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não encontram emprego "digno".



Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não conseguem ganhar o dinheiro que possa sustentar, de imediato, a vida que os acostumaram a pensar ser facilmente conseguida.



Experimentem dar tempo ao tempo, e entretanto, deitem a mão a qualquer coisa.



Mexam-se.



Trabalhem.



Ganhem dinheiro.




Na loja do Shopping.



Porque não ?



Aaaahhh porque é Doutor...



Doutor em loja de Shopping não dá status social.



Pois não.



Mas dá algum dinheiro.



E logo chegará o tempo em que irão encontrar o tal e ambicionado emprego "digno".



O tal que dá status.



 
O meu pai e tios fizeram bolas de carvão e venderam copos de vinho.



Eu, que sou Informático, System Engineer, em alturas de aperto, vendi bolos, calças de ganga, trabalhei em cafés, etc.



E garanto-vos que sou hoje muito melhor e mais reconhecido socialmente do que se sempre tivesse tido a papinha toda feita.




Geração à rasca ?



Vão trabalhar que isso passa.



À rasca, mesmo à rasca, também já tenho estado.



Mas vou à casa de banho e passa-me.