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sábado, 27 de janeiro de 2024

Agora; Liderança e Planeamento

 Como prometido é devido, aqui fica mais uma partilha;


Liderança e Planeamento

https://www.youtube.com/watch?v=ysVpKoWDuzs&list=PLca5HjFdXtkC_NTFg2vSvb0QdbR1ZTVIU

E, aqui poderá encontrar vídeos públicos sobre o tema Qualidade.

https://www.youtube.com/@didaskou

Já deixarei para as restantes etapas em publicações próximas.

Se quiser partilhar alguma coisa sobre este tema, sinta-se à vontade para o fazer. Todos ficaremos mais ricos.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Gestão de topo

Uma questão comum é saber quem é a gestão de topo e também qual o seu papel no âmbito do sistema de gestão da qualidade.

Começo por propor que analisemos a definição. 

NP EN ISO 9000:2015, 3.1.1

Gestão de topo é a pessoa ou conjunto de pessoas que dirige e controla uma organização ao mais alto nível.

Nota 1 - A gestão de topo tem o poder de delegar autoridade e de fornecer recursos no seio da organização

Nota 2 - Se o âmbito do sistema de gestão abranger apenas uma parte de uma organização, então a gestão de topo refere-se aos indivíduos que dirigem e controlam essa parte da organização.

Nota 3 - Este é um dos termos comuns e definições básicas para as normas de sistemas de gestão da ISO, propostos no anexo SL do suplemento ISO consolidado à Parte 1 das Diretivas ISO/IEC. 

E, a primeira coisa que me salta à vista é que refere; pessoa ou conjunto de pessoas.

Será o Diretor geral? A administração? O CEO? O gerente? A Equipa diretiva?

Gostava de ter uma resposta tão clara assim, mas não tenho. Pode variar de organização para organização, de realidade para realidade. 

Mas posso propor que continuemos a análise :). 

Já sabemos que pode ser uma pessoa ou várias. Vamos à Nota 1; tem o poder de delegar autoridade e de fornecer recursos no seio da organização.

Autoridade é aquilo que nos permite tomar decisões.

A base para decidir quem é/são a pessoa/s que representa/m a gestão de topo está nesta Nota. Esta/s pessoa/s tem que ter o poder para tomar decisões e para fornecer recursos.

Se tem, poderá/ão ser a gestão de topo. Se não tem, não pode/m.

Que decisões? Que recursos? As decisões e os recursos suficientes para cumprir a Política e os objetivos da Qualidade, para fornecer produtos e serviços conformes com os requisitos e que permitam a promoção da melhoria.

É bastante comum que exista uma pessoa que assuma esta função, mas como diz a própria definição podem ser vários. Convém, no entanto, que, a serem vários, as responsabilidades e autoridades de cada um estejam claramente definidas, comunicadas e compreendidas (5.3).

Outra questão associada a este tema é mesmo essa; o das responsabilidades e autoridades. Dito de outra forma; quem aprova o quê, quem toma que decisão, quem participa em quê.

Cabe à organização decidir e deixar isso claro. 

Há, no entanto, que referir que existem cláusulas da ISO 9001 cujo cumprimento deve ser assegurado pela Gestão de topo. Pode ser a pessoa A ou B, mas deve ser pela gestão de topo.

É o caso da secção 5 - Liderança na sua totalidade e das cláusulas; 4.1 - Compreender a organização e o seu contexto, 4.2- Compreender as necessidades e expetativas das partes interessadas, 4.3 - determinar o âmbito do SGQ, 6.2- Objetivos da Qualidade e planeamento para os atingir, 7.1 - Recursos e 9.3 - Revisão pela gestão. Com níveis de exigência e clareza diferentes.

A secção 5, em todas as cláusulas refere; a gestão de topo deve... o mesmo acontece na secção 9.3. Nestas não há dúvida, cabe á gestão de topo concretizar ou assegurar que se concretiza.

Reparemos que a seguir a; a gestão de topo deve..., nalguns casos, aparece a palavra assegurar e noutras aparece ou verbo. Por exemplo na cláusula 9.3 refere; a gestão de topo deve proceder à revisão do sistema de gestão da qualidade da organização... 

Proceder, não assegurar que alguém faz.

Já nas restantes cláusulas, 4.1 - Compreender a organização e o seu contexto, 4.2- Compreender as necessidades e expetativas das partes interessadas, 4.3 - determinar o âmbito do SGQ, 6.2- Objetivos da Qualidade e planeamento para os atingir e 7.1 - Recursos.; considera-se que cabe à gestão de topo assegurar a sua concretização porque dizem respeito a atividades de gestão. 

Para gerir eficiente e eficazmente a organização a gestão precisa conhecer a realidade da organização, saber o que esperam de si, definir estratégias e objetivos e determinar e providenciar os recursos necessários à sua concretização.

E para concluir só alguns exemplos concretos;

A gestão de topo (pessoa A ou B ou todos) devem;

- participar ativamente na determinação do contexto (dos constrangimentos que possam afetar o seu SGQ e das oportunidades que possam existir),

- participar ativamente na determinação das partes interessadas relevantes e do que elas esperam da organização

- estabelecer prioridades de atuação, estratégias e objetivos (para todos os temas incluindo a qualidade),

- na definição do âmbito do SGQ,

- estabelecer (se preferirem em conjunto com outras funções da organização) a Política da Qualidade e por isso também aprová-la,

- planear os objetivos incluindo, recursos, formas,  prazos de execução e monitorização

- comunicar e assegurar que as pessoas compreendem as orientações do SGQ: Políticas, objetivos, outras orientações internas (ex.: procedimentos) e externas (ex.: legislação aplicável),

- monitorizar objetivos e respetivos indicadores (em conjunto com outras funções da organização, nomeadamente gestores de processos) e assegurar definição de ações quando aplicável

- planear e conduzir a revisão pela gestão,

- dinamizar o SGQ de forma a assegurar o comprometimento das pessoas e aplicação dos princípios e conceitos associados, por exemplo; abordagem por processos e pensamento baseado em risco

- participar em auditorias, 

- tratar o tema qualidade nas reuniões de gestão, 

- promover e participar em ações de formação, 

- exemplificar a aplicação de conceitos e procedimentos, 

- desenvolver eventos formativos dinâmicos e motivadores, 

entre outras, são ações desejáveis (nem todas obrigatórias) para promover e demonstrar o seu comprometimento.

E não, ninguém quer que a gestão de topo ande a numerar documentos ou a tratar de planos de calibração, a título de exemplo.

Pretende-se que, ao nível da gestão, seja um elemento ativo nas temáticas da qualidade.

E, sei, parece que não, mas esta atitude mudará tudo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

"Bicho raro" vs Liderança na ISO 9001

 Quando comecei a trabalhar na área da Qualidade, em 1994, era considerada “um bicho raro”.  

Sempre que ia a algum congresso, seminário ou outro evento do género, sempre que alguém me perguntava a minha formação e eu respondia: Gestão de Recursos Humanos, recebia como retorno um sorriso falante no qual eu lia; o que é que esta está aqui a fazer?

Ao longo dos tempos a qualidade foi vista, na verdade, por muitos, ainda hoje é, como o conjunto de atividades que assegura a conformidade de produtos e serviços, verificando as suas características. E, nessa sequência, os profissionais que se encarregavam de gerir tais atividades eram, comumente, das áreas da Engenharia.

Até o próprio título da Norma ISO 9001, referia “Garantia da Qualidade”.

Na altura eu era muito jovem e, sempre ia dizendo que o retorno conseguido com a implementação de sistemas de gestão da qualidade dependeria das pessoas.  Das pessoas e acima de tudo das ações desenvolvidas ao nível da liderança, do desenvolvimento e da participação.

Na altura, o conhecimento que eu tinha do conteúdo da normas era superficial. À medida que o fui aprofundando percebi que, embora com títulos e textos diferentes consoante a versão, as Normas da série 9000 sempre deram grande ênfase à liderança e às pessoas.

Comprometimento das Pessoas e Liderança sempre fizeram parte dos princípios de Gestão da Qualidade. Ao dia de hoje, a ISO 9000 inclui mesmo a Fundamentação, os Principais Benefícios e as Ações que podem ser implementadas para concretizar cada um dos princípios.

É interessante observar que, ao ler a ISO 9000, para o princípio Liderança, nas ações que podem ser implementadas, podemos encontrar:

- comunicar Visão, Missão, Valores, políticas, processos,…

- criar e sustentar valores partilhados e modelos de comportamento baseados na equidade e na ética,

- estabelecer uma cultura de confiança e integridade,

- assegurar que os líderes são um exemplo positivo,

- proporcionar recursos e formação e autoridade para que as pessoas possam assumir as suas responsabilidades,

- inspirar, encorajar e reconhecer

- …

Associado a isto, a Norma de requisitos, a ISO 9001, exige que a Gestão de topo deve demonstrar liderança e compromisso em relação ao sistema de gestão da qualidade.

Por muita informação que as normas possam incluir a verdade é que, enquanto implementadores, enquanto auditores, sempre nos perguntamos o que significa verdadeiramente demonstrar liderança e compromisso.

Para alguns é acima de tudo assegurar a atribuição de recursos a todos os níveis.

E sim, essa é uma das ações que a ISO 9000 refere como fazendo parte da Liderança. Mas considerar que Liderança é isso, só por si, é escasso. Fazendo uma comparação é como entender que educar um filho é comprar-lhe tudo aquilo que ele quiser e pagar a alguém para tomar conta dele.

Atribuir recursos é importantíssimo, efetivamente sem recursos, dificilmente conseguimos implementar um Sistema de Gestão da Qualidade e assegurar que ele se mantém eficaz e adequado.

Mas, será suficiente?

Apesar da estarmos na maior revolução tecnológica de todos os tempos, continua a ser válida a minha crença de 1994; Na implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade (como em tudo) são as pessoas que fazem a diferença. Mas, também não a fazem só por si…Precisamos ser capazes de fazer com que, a visão definida as inspire e as motive o suficiente para que,  por sua iniciativa, e de forma motivada, orgulhosa e feliz, queiram fazer parte do propósito da organização. Que se identifiquem com esse propósito, que o defendam e concretizem de forma natural.

A clareza na definição da visão, missão, valores e políticas bem como a sua comunicação clara e efetiva, são de facto pilares base da Liderança de um sistema de Gestão, seja ele da qualidade ou de qualquer outro âmbito incluindo a nossa própria vida.

Correr sem saber para onde, torna-se frustrante. Correr sem nenhum propósito, tira sentido à corrida. Correr sem valores, deixa-nos sem bases.

Investir na definição e comunicação destes elementos mostra um destino, cria coerência, promove a adesão e o espírito de pertença, condições essenciais ao sucesso da implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade.

A um nível mais operacional, assegurar a participação na definição do Sistema de Gestão da Qualidade, formar, apoiar/encorajar, incentivar, reconhecer,… são ações essenciais e são, como refere a ISO 9000, ações a implementar no âmbito da liderança.

Ações, sublinho. Não basta usar palavras por muito significado que elas possam ter, por muito que elas queiram dizer.

É necessário sair da cadeira, ir aos diferentes locais, observar e analisar as diferentes realidades, ouvir as diferentes pessoas e as suas perspetivas e, com base nisso tomar decisões sobre as metodologias a implementar.

Esta participação ativa cria responsabilização e desperta a vontade de fazer melhor a cada dia.

... como costumo dizer em sala, precisamos sermos capazes de  fazer crescer as pessos e crescer com elas.

Apostar na capacidade de influenciar, na credibilidade e na exemplaridade asseguram o sucesso da corrida.