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terça-feira, 1 de junho de 2010

Finalidade da Documentação

É comum ouvir-se que os sistemas de Gestão da Qualidade são sinónimo de burocracia. Já algumas vezes aqui manifestei o meu desacordo. Mas ainda gostaria de voltar ao tema.

Estou convencida que isso só acontece se:
  • a definição do sistema documental não é adaptada à realidade da organização;
  • se aproveita a existência do Sistema de Gestão da Qualidade para para criar exigências de acordo com vontades próprias das várias chefias (e não com as exigências das Normas de referência); 
  • não é entendida a finalidade da documentação
e em consequência não se dá à documentação a importância que ela efectivamente tem.

A primeira questão que nos devemos colocar é: para que serve afinal a documentação? Ou melhor talvez seja necessário começar um pouco antes, o que é afinal documentação?

Documentação é o conjunto de documentos sobre uma determinada temática, neste caso a qualidade.

Se consultarmos a NP EN ISO 9000:2005- Fundamentos e Vocabulário vemos que documento é Informação e respectivo meio de suporte, sendo Informação Dados com significado. Ou seja podemos estar a falar da Politica da  e dos Objectivos da Organização(incluindo os da Qualidade), dos Procedimentos, dos formulários que usamos no dia a dia, etc., etc. E mais uma vez de acordo com a NP EN ISO 900:2005, o suporte pode ser papel, magnético, electrónico ou disco óptico de computador , fotografia ou amostra de referência, ou uma das suas combinações

Estamos pois, a falar de questões relevantes para a organização. Questões essas que foram discutidas e sobre as quais foram tomadas decisões. Os documentos são criados para comunicar o que foi decidido, quem é responsável por quê, quais os direitos e deveres, etc.

Será que uma organização pode funcionar sem que as suas hierarquias conheçam os seus objectivos, sem que os colaboradores conheçam as suas responsabilidades, sem que,... sem que...

Não me parece...

Não estou com isto a dizer; escreva-se tudo! Longe de mim tal ideia :). Afinal de contas já referi atrás que suporte pode ser muito variado.

Mas é certamente indispensável que seja comunicado. Comunicado de forma que não existam dúvidas sobre essa comunicação, o que justifica a necessidade de documento, seja lá em que suporte for.

Comunicar é como se depreende a finalidade última da Documentação. Por isso, tal como quando emitimos mensagens, quando definimos documentos também devemos:
  • Saber o que dizer - o que é realmente importante. Muita palha só entope o sistema e desfoca do essencial;
  • Decidir onde quando - em que tipo de documento, em que altura (porque dependendo do tema a altura da publicação pode ser importante);
  • Definir a melhor forma - em procedimento, instrução, formulário, com fluxograma, com texto, em papel, em filme,... ;
  • Simplificar / falar claramente - o simples e claro todos entendem (quantas vezes vemos documentos com palavras que as pessoas a quem se destinam não entendem!);
  • Fazer escuta activa - ouvir as pessoas a quem os documentos se destinam com atenção, dando retorno sobre as sugestões/dificuldades que apresentam, reformulando de forma a entender o que realmente nos queriam transmitir, dando sinais de entendimento;
  • Monitorizar as reacções do outro - de forma a perceber se estamos a entender o que realmente nos queriam transmitir e se o que transmitimos foi entendido;
  • Ser empático - coloque-se no lugar do utilizador e tendo em conta as suas características,  a sua função, formação etc., tente identificar a melhor forma para o documento
E qual deve ser a extensão da documentação? Bom a NP EN ISO 9001:2008 - Sistemas de Gestão da Qualidade. Requisitos, refere que deve ser em função da:

a) dimensão da organização e tipo de actividades;

b) complexidade dos processos e suas interacções;
c) competência do pessoal.

se quiser dizer isso de outra forma e para fazer homenagem ao meu formador Luís da Silva e Serra, a necessidade da documentação deve ser definida em função do triângulo que se segue.




domingo, 1 de junho de 2008

Estrutura Documental

A leitora Poliana Amorim enviou-me um mail pedindo algumas dicas para a definição da documentação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Penso que esta será uma questão comum a todos os que se iniciam nestas matérias. Vamos ver se consigo ajudar...


Já me referi a todos os quase todos os documentos necessários a um SGQ. Penso que não quererá saber quais são os documentos obrigatórios mas sim ter um exemplo prático.

Na minha perspectiva o primeiro passo é criar uma estrutura documental; o mesmo é dizer; decidir quais os níveis de documentação que pretende para a sua Organização.

Um bastante comum é:

Politica da Qualidade
Objectivos da Qualidade
Manual da Qualidade
Procedimentos
Instruções
Formulários

Há quem não considere Politica e Objectivos da Qualidade como um nível da documentação.

Eu penso que se deve considerar, até porque são documentos obrigatórios. Além disso fazem parte da hierarquia. Definir a restante documentação sem ter em conta as linhas de orientação da Politica da Qualidade,... não faz muito sentido.

Embora possa parecer pouco relevante o nome que damos a cada nível não é indiferente. Deve ser de acordo com a linguagem da organização. Se internamente usam a designação minuta ou impresso para os documentos nos quais registam actividades, quando definirem a documentação não lhe chamem Formulários. Só vai gerar confusão.

Por outro lado também não sou apologista do uso do nome Procedimento da Qualidade. Esta expressão pode levar à interpretação de que o Procedimento é da responsabilidade da área da Qualidade e o que pretendemos é que seja da responsabilidade de todos. Podemos chamar-lhe simplesmente Procedimentos, Procedimentos Operativos, Procedimentos de Gestão, ou outro qualquer nome à escolha

Acordados sobre a hierarquia da estrutura documental é necessário (na minha opinião antes de fazer o que quer que seja) encontrar uma forma de identificar os documentos com vista ao seu controlo no futuro.

Por exemplo, como vou identificar os procedimentos para saber qual é a ultima versão? Como vou identificar os formulários? Atribuindo-lhes um número? Pelo nome? E a revisão, como sei qual é última? Pela data? Associando uma revisão ao número? O Manual vai ser um único documento ou vai ter vários capítulos? (ver artigo sobre tema).

O formato da identificação vai depender muito do suporte (predominante) que usar na elaboração e distribuição da documentação.

Diria que muitas empresas, senão mesmo a maioria não têm programas específicos para documentação. E, salvo raras excepções, não considero indispensável. O Word é bastante bom para elaboração de documentos de texto. E a distribuição, havendo rede informática interna, também se faz facilmente.

Definidas estas regras básicas, o melhor mesmo é escrevê-las. Ou seja redija o procedimento obrigatório relativo a controlo de documentos e coloque lá todas as regras.

De seguida vou dar alguns exemplos que podem ser usados em Word ou outro equiparado.