quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Gestão de topo

Uma questão comum é saber quem é a gestão de topo e também qual o seu papel no âmbito do sistema de gestão da qualidade.

Começo por propor que analisemos a definição. 

NP EN ISO 9000:2015, 3.1.1

Gestão de topo é a pessoa ou conjunto de pessoas que dirige e controla uma organização ao mais alto nível.

Nota 1 - A gestão de topo tem o poder de delegar autoridade e de fornecer recursos no seio da organização

Nota 2 - Se o âmbito do sistema de gestão abranger apenas uma parte de uma organização, então a gestão de topo refere-se aos indivíduos que dirigem e controlam essa parte da organização.

Nota 3 - Este é um dos termos comuns e definições básicas para as normas de sistemas de gestão da ISO, propostos no anexo SL do suplemento ISO consolidado à Parte 1 das Diretivas ISO/IEC. 

E, a primeira coisa que me salta à vista é que refere; pessoa ou conjunto de pessoas.

Será o Diretor geral? A administração? O CEO? O gerente? A Equipa diretiva?

Gostava de ter uma resposta tão clara assim, mas não tenho. Pode variar de organização para organização, de realidade para realidade. 

Mas posso propor que continuemos a análise :). 

Já sabemos que pode ser uma pessoa ou várias. Vamos à Nota 1; tem o poder de delegar autoridade e de fornecer recursos no seio da organização.

Autoridade é aquilo que nos permite tomar decisões.

A base para decidir quem é/são a pessoa/s que representa/m a gestão de topo está nesta Nota. Esta/s pessoa/s tem que ter o poder para tomar decisões e para fornecer recursos.

Se tem, poderá/ão ser a gestão de topo. Se não tem, não pode/m.

Que decisões? Que recursos? As decisões e os recursos suficientes para cumprir a Política e os objetivos da Qualidade, para fornecer produtos e serviços conformes com os requisitos e que permitam a promoção da melhoria.

É bastante comum que exista uma pessoa que assuma esta função, mas como diz a própria definição podem ser vários. Convém, no entanto, que, a serem vários, as responsabilidades e autoridades de cada um estejam claramente definidas, comunicadas e compreendidas (5.3).

Outra questão associada a este tema é mesmo essa; o das responsabilidades e autoridades. Dito de outra forma; quem aprova o quê, quem toma que decisão, quem participa em quê.

Cabe à organização decidir e deixar isso claro. 

Há, no entanto, que referir que existem cláusulas da ISO 9001 cujo cumprimento deve ser assegurado pela Gestão de topo. Pode ser a pessoa A ou B, mas deve ser pela gestão de topo.

É o caso da secção 5 - Liderança na sua totalidade e das cláusulas; 4.1 - Compreender a organização e o seu contexto, 4.2- Compreender as necessidades e expetativas das partes interessadas, 4.3 - determinar o âmbito do SGQ, 6.2- Objetivos da Qualidade e planeamento para os atingir, 7.1 - Recursos e 9.3 - Revisão pela gestão. Com níveis de exigência e clareza diferentes.

A secção 5, em todas as cláusulas refere; a gestão de topo deve... o mesmo acontece na secção 9.3. Nestas não há dúvida, cabe á gestão de topo concretizar ou assegurar que se concretiza.

Reparemos que a seguir a; a gestão de topo deve..., nalguns casos, aparece a palavra assegurar e noutras aparece ou verbo. Por exemplo na cláusula 9.3 refere; a gestão de topo deve proceder à revisão do sistema de gestão da qualidade da organização... 

Proceder, não assegurar que alguém faz.

Já nas restantes cláusulas, 4.1 - Compreender a organização e o seu contexto, 4.2- Compreender as necessidades e expetativas das partes interessadas, 4.3 - determinar o âmbito do SGQ, 6.2- Objetivos da Qualidade e planeamento para os atingir e 7.1 - Recursos.; considera-se que cabe à gestão de topo assegurar a sua concretização porque dizem respeito a atividades de gestão. 

Para gerir eficiente e eficazmente a organização a gestão precisa conhecer a realidade da organização, saber o que esperam de si, definir estratégias e objetivos e determinar e providenciar os recursos necessários à sua concretização.

E para concluir só alguns exemplos concretos;

A gestão de topo (pessoa A ou B ou todos) devem;

- participar ativamente na determinação do contexto (dos constrangimentos que possam afetar o seu SGQ e das oportunidades que possam existir),

- participar ativamente na determinação das partes interessadas relevantes e do que elas esperam da organização

- estabelecer prioridades de atuação, estratégias e objetivos (para todos os temas incluindo a qualidade),

- na definição do âmbito do SGQ,

- estabelecer (se preferirem em conjunto com outras funções da organização) a Política da Qualidade e por isso também aprová-la,

- planear os objetivos incluindo, recursos, formas,  prazos de execução e monitorização

- comunicar e assegurar que as pessoas compreendem as orientações do SGQ: Políticas, objetivos, outras orientações internas (ex.: procedimentos) e externas (ex.: legislação aplicável),

- monitorizar objetivos e respetivos indicadores (em conjunto com outras funções da organização, nomeadamente gestores de processos) e assegurar definição de ações quando aplicável

- planear e conduzir a revisão pela gestão,

- dinamizar o SGQ de forma a assegurar o comprometimento das pessoas e aplicação dos princípios e conceitos associados, por exemplo; abordagem por processos e pensamento baseado em risco

- participar em auditorias, 

- tratar o tema qualidade nas reuniões de gestão, 

- promover e participar em ações de formação, 

- exemplificar a aplicação de conceitos e procedimentos, 

- desenvolver eventos formativos dinâmicos e motivadores, 

entre outras, são ações desejáveis (nem todas obrigatórias) para promover e demonstrar o seu comprometimento.

E não, ninguém quer que a gestão de topo ande a numerar documentos ou a tratar de planos de calibração, a título de exemplo.

Pretende-se que, ao nível da gestão, seja um elemento ativo nas temáticas da qualidade.

E, sei, parece que não, mas esta atitude mudará tudo.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

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