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quarta-feira, 5 de julho de 2023

Procedimentos da Qualidade

O tema Procedimentos sempre deu muito pano para mangas, mas nos últimos anos, gera, invariavelmente grandes conversas, pelo que decido voltar a ele.

O que é afinal um procedimento? Se consultarmos a NP EN ISO 9000:2015 refere: 

modo especificado de realizar uma atividade ou um processo.

A nota 1 à secção diz: os procedimentos podem ou não ser documentados.

E é essencialmente esta nota que dá azo a mais conversa.

Procedimento é a forma especificada de realizar uma determinada atividade ou processo e é importante que esteja definida. Outra coisa é se esse procedimento precisa ou não ser documentado, dito de outra forma; se é obrigatório ou não que esteja escrito. E a Nota 1 dá a resposta.

Referir também que é muito comum que a definição de procedimento seja confundida com a definição de processo.

Se consultarmos a mesma Norma, processo é: conjunto de atividades interrelacionadas ou interatuantes que utiliza entradas para disponibilizar um resultado pretendido.

Seguem-se várias notas relevantes para analisar o tema processos, mas para este efeito (para falarmos sobre procedimentos) basta esclarecer a diferença entre processo e procedimento.

Num processo existe transformação - transforma entradas num resultado pretendido. 

Por exemplo se considerarmos que estrelar ovo é um processo, este processo transforma um ovo crú num ovo estrelado. Um processo acrescenta valor. Ou pelo menos assim deveria ser :). Se lhe fizer sentido veja artigo Falando sobre processos.

O procedimento simplesmente explica como se faz; por exemplo podemos ter um procedimento a explicar como se executa uma das atividades do processo ou até a explicar como se executam todas as atividades de um determinado processo. O Procedimento define, clarifica, comunica.

Um processo tem sempre procedimentos; um ou vários. Podem ser documentados ou não. Mas existem.

Para algumas pessoas a não obrigatoriedade de procedimentos documentados parece estranha. Mas, há que considerar que as Normas são criadas para serem aplicáveis a qualquer tipo de organização, sejam elas microempresas ou grandes empresas, sejam elas com ou sem fins lucrativos, tenham um negócio mais ou menos complexo, sejam mais ou menos dispersas.

A título de exemplo a primeira organização a quem dei apoio de consultoria foi uma organização que é constituída por uma só pessoa. 

Tendo em conta a finalidade da Informação documentada, nomeadamente procedimentos documentados - veja artigo Finalidade e extensão da informação documentada  - neste caso, a Olívia patroa não precisa fazer um procedimento documentado para explicar à Olívia costureira como fazer as coisas. Ela própria define, ela própria faz. Não existe a probabilidade de, por falta de procedimento documentado, a mesma atividade ser feita por diferentes pessoas, de diferentes formas e de, nalguns casos, isso criar insatisfação no cliente. Até pode existir alguma atividade que crie insatisfação mas não será porque o procedimento não esteja escrito (documentado). Poderá ser porque o procedimento(não documentado) não esteja definido ou qualquer outro motivo.

Cada organização deve decidir a extensão da sua informação documentada considerando os critérios definidos na NP EN ISO 9001, subcláusula 7.5.1, também analisados no artigo anterior.

Partindo do princípio que a organização decide documentar procedimentos, na verdade muitas organizações decidem documentar pelo menos alguns, é necessário definir regras para criar e atualizar a informação documentada, conforme se encontra requerido na subcláusula 7.5.2 - Criação e atualização.

Embora possa parecer estranho, uma das coisas que é importante decidir é quais os tipos de documentos que vamos permitir no SGQ e que designações lhe vamos dar.

A título de exemplo (e só isso), podemos ter como níveis; Políticas(1º), Manuais(2º), Processos(3º), Procedimentos(4º), Instruções(5º) e impressos(6º).

Mas serão estas as designações? Serão as que a organização decidir. Em vez de Impressos poderia ser FormuláriosMinutas, MatrizesTemplates ou outra.

Em vez de Procedimentos poderia ser Procedimentos do SistemaProcedimentos Operacionais e Gerais, Procedimentos da Qualidade ou outra.

E poderíamos continuar..., mas quero parar aqui... pois pode ser importante refletir sobre as mensagens que as próprias designações podem criar.

Nem sempre os requisitos da NP EN ISO 9001 estão integrados no negócio da organização de forma que o Sistema de Gestão da Qualidade e o Sistema de Gestão sejam o mesmo. 

Nós não queremos isso na Qualidade, infelizmente, continua a ser uma expressão muito ouvida. Com aquele ar que pode ser lido como: isso seria muito perigoso.😆😦

E, quando isso não acontece, a designação Procedimento da Qualidade ou Instrução da Qualidade poderá passar a mensagem que os procedimentos e instruções são da Qualidade (do/a Gestor/a da Qualidade ou das atividades da qualidade) e não os procedimentos da organização, aqueles que são necessários para que o negócio aconteça, independentemente se estão ou não relacionadas com algum requisito da NP EN ISO 9001. 

As organizações executam inúmeras atividades, algumas críticas para o sucesso da organização. Para essas, sejam elas quais forem, escrever pode ajudar.

O Sistema documental da organização, no qual se incluem os procedimentos, pode trazer muitos resultados se funcionar como um mapa explicativo, como que um mentor que, através da comunicação clara, objetiva e precisa, orienta todos no mesmo sentido.

Por outro lado, ao dia de hoje muitas organização tem sistemas integrados, por isso se optarmos pela designação Procedimento da Qualidade,... também teremos os Procedimentos da Segurança, e os do Sistema Ambiental, e...?

E o que faremos com temas comuns, por exemplo Auditorias internas ou Não Conformidade e Ação corretiva?

Investir tempo na criação do Sistema Documental nomeadamente nas designações a atribuir a cada nível/tipo de documento, não é uma perda de tempo. Muito antes pelo contrário, pode tornar o Sistema bem mais fluído e amigável para o utilizador.

Sim, eu sei, não é o nome só por si que faz a diferença. Não, não é.

Mas, se pudermos eliminar todo e qualquer tipo de ruído, melhor. 

terça-feira, 16 de junho de 2009

Processo / procedimento

"Tomámos a liberdade de incomodá-la porque frequentámos uma formação consigo na SGS.
Precisávamos da sua ajuda para resolver uma questão que se prende com uma grande dúvida que temos, se existe diferença entre Processo / Procedimento.
É que conseguimos entender o conceito de Procedimento como sendo a descrição da execução de “tarefas”, a metodologia.
Também sabemos deve tem de ter inputs e outputs (Processos?!).
E quais são aqueles que têm obrigatoriamente de estar escritos. Pergunto isto porque o último auditor que esteve aqui na empresa disse-nos que os únicos Processos que deveríamos ter por escrito seriam aquele que está relacionado com o ponto 6 da Norma (Gestão de recursos), um para o que está relacionado com a área Comercial e outro(s) relacionado(s) com a área operacional propriamente dita.

Agradecemos desde já a sua disponibilidade e ajuda."
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Olá caras formandas,
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Espero que esteja tudo bem convosco. Não me incomodam nada. Até me ajudam porque me dão temas para o blog. E desta feita, fui eu que tomei a liberdade de responder aqui por entender que a resposta pode ser útil para mais pessoas.
Pois...parece ter havido aqui algum ruído na comunicação...
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De facto existe uma grande diferença entre processo e procedimento. Entende-se por processo a actividade ou conjunto de actividades que utilizando recursos é gerida de forma a transformar entradas em saídas. Por exemplo se agruparmos as actividades: prospecção de mercado, apresentações a clientes, apresentação de propostas, sua negociação e contratação podemos ter aqui um processo que podemos designar de processo comercial ou processo de venda ou outra qualquer designação.
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Neste caso o processo é composto por várias actividades. Para descrever o processo é necessário definir no mínimo: objectivo, âmbito, entradas, saídas, "dono" do processo(quem é o seu responsável), interacção, formas de medir e monitorizar,
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A descrição dos processos deve estar escrita. Pode estar num fluxograma, numa tabela, em texto, num misto dos já referidos,...
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Esta descrição é para os processos que a Organização identificar. Não é obrigatório que exista um mínimo ou um máximo de processos. O que a Norma refere é que nos processos identificados devem estar incluídas quatro tipos de actividades: as de gestão, as de gestão de recursos, as de realização e as de medição, análise e melhoria. Isto não quer dizer(nem pouco mais ou menos!) que tem que existir processos com estes nomes. quer dizer que os processos identificados devem incluir estas actividades. A título de exemplo eu nunca considero processos com a designação medição, análise e melhoria, por considerar que este tipo de actividades deve estar incluída em todos os processos. São actividades da responsabilidade de todos e não de um só "dono".
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Vamos agora aos procedimentos.
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Ainda usando o mesmo exemplo, para o Processo comercial poderíamos ter alguns procedimentos, ou seja algumas metodologias(formas de realizar as actividades).
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No exemplo apresentado poderíamos ter, a título de exemplo, um procedimento para a prospecção, um para a apresentação de propostas e negociação e outro para a contratação.
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Estes procedimentos podem ou não ser escritos.
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A norma não obriga à existência de procedimentos escritos, excepto para seis temas.
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Esses temas são todos aqueles onde o texto da clausula/sub-clausula inclua a expressão "procedimento documentado". E são: clausula- 4.2.3 - Controlo dos documentos; 4.2.4 - Controlo dos registos; 8.2.2 - Auditorias internas; 8.3 - Controlo do Produto Não Conforme; 8.5.2 - Acções Correctivas e 8.5.3 - Acções Preventivas.
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Não são obrigatórios seis procedimentos escritos; é obrigatório que existam regras escritas sobre estes seis temas. Se quisermos podemos agrupar temas. Eu por exemplo costumo agrupar documentos e registos num procedimento e acções correctivas e preventivas noutro..
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Para todas as outras actividades, o procedimento pode ou não ser escrito. É a organização que decide em função da dimensão da sua organização, da complexidade das suas actividades, da formação dos seus colaboradores, etc...
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Só para dar um exemplo que nem sempre pensamos..., se os seus colaboradores não sabem ler, ou sabem muito, muito pouco(e acreditem que ainda existem situações destas! bem mais do que nos possa ocorrer!) então escrever procedimentos, é uma perda de tempo.
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Regra geral os procedimentos escritos tem campos pré-definidos.Estes campos são escolhidos pela organização e variam caso a caso. Podem ser por exemplo: Objectivo, Âmbito, Modo de Proceder, Responsabilidades, Documentação Associada e Registos. (consultar NP EN ISO 4433:2005 - Linhas de orientação para a Documentação de Sistemas de Gestão da Qualidade). Tal como a descrição de processos, podem estar em fluxograma, em texto corrido, em tabela, num misto.
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E me voi.
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Espero ter sido suficientemente clara. Mas se não for o caso, é só dizer.
Beijos e bom trabalho

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Exemplificando

Penso que assim é mais fácil entender o que disse o artigo sobre realização de procedimentos.

Desculpem que o aspecto, não é muito bom, mas sou um bocado naba nestas coisas das TIC

http://docs.google.com/Doc?id=dpkc4v4_43dcf5r8gs

Procedimentos para que temas?

Nos últimos dias tenho andado a trocar alguns mails com uma leitora que pediu apoio na elaboração do Manual da Qualidade. Porque estamos a falar de Organizações e nomes concretos não vou divulgar detalhes.
De qualquer forma, após várias trocas de ideias, colocou-me mais uma questão que penso possa interessar a outros leitores. Por isso vou tratá-la aqui. A questão era a seguinte:
Para elaborar um procedimento sobre o cumprimento das normas da qualidade, como o faço? Faço relativamente aos requisitos da qualidade para o produto?ou para a organização?
Comecemos pelo principio; As Normas relativas a Sistemas de Gestão da Qualidade, como o próprio nome diz referem-se à gestão da Organização.
Por isso a primeira resposta é: os Procedimentos são relativos à Organização, se quisermos referem-se às metodologias usadas pela Organização para planear, executar, controlar e melhorar as suas actividades. Claro que o acabei de dizer inclui temas relacionados com a gestão e temas relacionados com a operação, sendo que os segundos, incluem metodologias relativas ao cumprimento dos requisitos do produto.
Quando as Organizações querem implementar um sistema de gestão da Qualidade devem cumprir com todas as Clausulas das referidas Normas nomeadamente no que se refere à definição de Procedimentos.
Como já referi noutros artigos, ao dia de hoje, não e necessário escrever procedimentos para todas as clausulas. O que a Organização tem que conseguir fazer é cumprir com as clausulas.
Verdade, que muitas Organizações utilizam os Procedimentos escritos como uma ferramenta para definir regras e por isso escrevem procedimentos para quase todas as clausulas. Mas, quero deixar claro que não é obrigatório. Tudo depende, do estádio de desenvolvimento em que a Organização se encontra, conforme dito na sub-clausula 4.2.1 - requisitos da documentação da Norma NP EN ISO 9001:2000 - Sistemas de Gestão da Qualidade. Requisitos.
Para quem não conheça a Norma, a primeira coisa a fazer é consultá-la, lê-la e interpretá-la. A própria Norma diz-nos quais são os Procedimentos que obrigatoriamente tem que estar escritos.
Na Nota 1 da sub-clausula 4.2.1 diz " Onde aparecer o termo "Procedimento Documentado" nesta Norma, quer-se dizer que o procedimento está estabelecido, documentado, implementado e mantido"
Se consultar a Norma do ponto 4 ao 8 (clausulas a implementar) vai encontrar a expressão referida para seis temas:
  • 4.2.3 - Controlo dos documentos - a expressão aparece logo no 2º parágrafo;
  • 4.2.4 - Controlo dos registos - a expressão aparece a seguir ao primeiro ponto final;
  • 8.2.2 - Auditoria Interna - a expressão aparece no final do 4º parágrafo;
  • 8.3 - Controlo do produto Não Conforme - a expressão aparece no final do último parágrafo
  • 8.5.2 - Acções Correctivas - a expressão aparece no 2º parágrafo
  • 8.5.3 - Acções Preventivas - a expressão aparece no 2º parágrafo.
Pelo menos para estes seis temas, devem existir procedimentos escritos. Para os restantes é a Organização que decide se pretende ou não escrever.
A título de Exemplo, é necessário escrever um procedimento relativo à gestão da formação?
Pois depende da Organização. Ela tem que cumprir com a clausula 6.2 - Recursos Humanos. Se escreve Procedimento ou não, a opção é sua.
Trabalho com muitas empresas que escrevem.
Mas tenho uma que não escreveu. É uma empresa com uma só pessoa. Ela cumpre com a clausula e sabe como deve fazê-lo. Não existem dúvidas na forma de realizar porque é só uma pessoa. Por isso ela não tem procedimento escrito.
Um procedimento escrito é a descrição de uma metodologia. É uma ferramenta de comunicação e formação. Pode e deve ser escrito sempre que possam surgir dúvidas na realização da mesma. Caso contrário, não faz sentido. Claro que se exceptuam os que a Norma Obriga e que já referi atrás.
Já me debruçarei de seguida, sobre a forma de escrever o procedimento.