terça-feira, 2 de junho de 2020

O tempo, ...

Papalagui é um dos meus livros preferidos. Retrata a forma como os indígenas da tribo Tuiavii de Tiavéa vêem os chamados "povos evoluídos". 

Neste livro, o branco, o senhor desses povos evoluídos é baptizado de Papalagui.

Gosto de quase todo o livro mas gosto particularmente do capítulo sobre o tempo. Vou só deixar alguns excertos.

"O Papalagui adora o metal redondo e o papel forte, gosta de encher a barriga com uma série de líquidos provenientes de frutos mortos e com carne de porco, boi e outros horríveis animais mas acima de tudo gosta de uma coisa que se não pode agarrar e que no entanto existe: o tempo. Leva-o muito a sério e conta toda a espécie de tolices acerca dele. Embora não possa haver mais tempo do que o que medeia do nascer ao por do sol isso para o Papalagui nunca é o bastante.
...
Que pesado fardo! mais uma hora que se passou!" e ao dizê-lo, mostra geralmente um ar triste, como alguém condenado a uma grande tragédia. No entanto, logo a seguir principia uma nova hora!
... , 
Oh! meus queridos irmãos! nós nunca nos queixámos do tempo., amámo-lo e acolhemo-lo tal como ele era, nunca corremos atrás dele, nunca tentamos amalgamá-lo ou cortá-lo em pedaços...
"
 O Papalagui, Edições Antígona, 1999

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