domingo, 9 de outubro de 2022

É possível formar um auditor interno dentro da própria organização?

 O que é exigido é que esteja definida a competência para os auditores da qualidade internos. É a organização que define a competência, embora seja óbvio que se exija algum bom senso nessa definição. Não faz sentido a título de exemplo dizer que o auditor não precisa ter formação em auditorias - pelo menos é o que me parece :)

A auditoria é, na minha opinião uma das melhores ferramentas de dinamização do seu SGQ e em consequência do seu crescimento e consolidação. Mas se e só se for bem feita. Caso contrário estamos todos a perder tempo.
Aquela coisa de achar que o auditor é uma pessoa que traz uma lista de perguntas e vai picando "sim" ou "não",... não traz mais valia

A resposta a esta questão depende dum conjunto de coisas:
Tenho um formador interno que possa fazer esta formação? Ele (ou ela) fez um curso de auditores? Faz auditorias com regularidade? Tem experiência e conhecimento das normas suficiente para poder transmitir? E da documentação do SGQ? É uma pessoa que possuí as competências comportamentais adequadas?
A resposta depende do que referi no parágrafo anterior e no que tiverem definido como competência mínima para o auditor da qualidade interno.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Será a certificação da Qualidade um documento do cartório? 😉

Muitos Gestores me abordam o objetivo de saber mais informações relativamente à certificação das suas organizações no âmbito da Qualidade.

Muitos deles têm dúvidas sobre os passos a seguir. Outros pensam que isso é uma coisa que se compra a um consultor que tal como um advogado responde pelo seu cliente de forma a obter o resultado desejado. Outros ainda pensam que é um documento que se vai comprar ao cartório…

Muitas destas dúvidas têm por base a incorreta definição do objetivo da certificação.

A certificação não deve ser um objetivo em si mesmo. A Certificação só por si acrescenta poucas vantagens para a Organização. As mais evidentes são; as da imagem externa e a qualificação como fornecedor de clientes que apresentem essa exigência.

Já é muito pensarão alguns. Sim, já é.

Mas na minha perspetiva este não pode ser o fim último. O fim último deve ser melhorar o funcionamento da organização através da implementação do sistema de gestão da qualidade.

Mas… não é a mesma coisa? Pois… deveria… e felizmente em muitas situações é.

Pretende que seja na sua?
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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Que saúdades que eu tinha ...

 

Que saúdades que eu tinha de preparar a mochila e todos os materiais que preciso levar para as ações de formação presenciais.

Os últimos tempos têm sido fantásticos para testar a nossa capacidade de adaptação. Uma roda viva de aprendizagens.

Para pessoas, que como eu, gostam do contato, e que, talvez por isso nunca tenha aprofundado muito o conhecimento do digital, tem sido maratonas. Maratonas para aprender o essencial sobre as diferentes plataformas que se vão usando na formação, maratonas para transformar materiais ou pelo menos a forma de os aplicar, maratonas para aprender o mínimo sobre realização e edição de vídeos, para aprender mais sobre escrita digital,... consta que deve ser diferente da restante escrita :) ... um sem número de coisas,...

Cansada! mas ao mesmo tempo satisfeita.
Todas estas maratonas permitiram-me manter-me no ativo, apesar da pandemia e dos seus constrangimentos, apesar da doença alugar um cantinho no meu corpo, apesar das perdas pessoais, apesar das consequências da guerra,...

Estou muito satisfeita e muito grata a todos aqueles que contribuiram para que isto fosse possível. Aos parceiros, aos que partilharam comigo o seu conhecimento, aos amigos, ao universo, aos anjos,...

Eu que gosto de contato, prefiro "a minha sala", não posso negar. Mas estar no ativo, mesmo que fora de sala, tem sido uma bênção e uma experiência extraordinária...

No entanto; que saúdades que eu tinha...

Verdade que hoje fazem-se coisas fantásticas quer em formação com transmissão ao vivo, quer em formações online com formatos que permitam aos participantes fazer a formação ao ritmo das suas possibilidades.

Verdade que, a generalidade das pessoas defende que o futuro será o digital. E alguns até dizem que a função Formador irá desaparecer.

Eu tenho esperança que possamos usar a tecnologia a nosso favor e que ela possa ser usada em muitas circunstâncias para melhorar o mundo. Mas, também tenho esperança que, em muitas outras circunstâncias, se continue a valorizar o contato presencial com tudo o que isso tem de fantástico, também com o objetivo de melhorar o mundo.

O tempo saberá.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Mas só às vezes!!!

O Universo é fantástico pela diversidade! É mesmo.

Mas só às vezes!!!

Dias existem que daríamos tudo para que pelo menos uma pessoa desse enorme planeta fosse capaz de entender o que sentimos, o que pensamos, o que queremos...

Mas, nesses dias, parece que nem sequer falamos a mesma língua! O que para nós é mais que óbvio para os outros é uma barbaridade. E mais grave ainda; são muitos os outros! E nesses muitos estão incluídos exactamente aqueles que nós gostaríamos e acreditávamos que nos entenderiam!

Situações existem, em que chego a pensar que estou errada nas minhas convicções; senão porque pensariam todos os outros de forma diferente da minha?

Dá que pensar!

Embora, mal comparado; porque pensava toda a humanidade de forma diferente de Galileu?

Mas seja lá qual for a resposta, a verdade é que estas situações me fazem pensar. Tentar passar mensagens que ninguém parece entender… é desgastante.

Será que estou errada quando digo que as empresas deviam ser geridas com menos controlo e mais desenvolvimento das pessoas que nelas trabalham?

Será que estou errada quando digo que nas empresas as pessoas dos vários níveis se deviam tratar de igual para igual? Sem barreiras de hierarquia?

Será que isso não facilitaria a comunicação, a criatividade e a noção de pertença a uma equipa/grupo?

Será que essa pequena diferença, não poderia tornar os dias de trabalho em dias felizes? De que tem medo estes chefes que à viva força teimam em se impor? Porque será que não dialogam? Que não estão disponíveis para ouvir opiniões diferentes?

Fingem ouvir, mas na verdade não ouvem. Mentalmente não estão. Sempre fizeram assim. E se fizerem diferente são vistos como “moles”!!!


sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Vida de Gestor/a da Qualidade

Escrever sobre a implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) e especificamente do papel do/a gestor/a da Qualidade, pode ser demasiado abrangente e até injusto ou incorreto da minha parte.

As minhas experiências poderão não representar aquilo que se passa na generalidade dos casos, embora pense que sim...

Hoje, atrevo-me, pois, a recordar a minha experiência como Gestora da Qualidade.

Foi uma experiência desafiante e relativamente longa – cerca de 13 anos. Mas acima de tudo uma experiência muito enriquecedora.

Tentando ser mais clara, o que pretendo dizer é que como Gestora da Qualidade tive que ultrapassar muitos obstáculos, na maioria das vezes sozinha.

Tentando fazer um pouco de história… da minha história.

Numa primeira fase, gestão de topo e colaboradores manifestaram-se relativamente ao projeto da implementação do Sistema de Gestão da Qualidade com grande entusiasmo. Infelizmente não pelos melhores motivos…

A sensação que tenho é que a maioria das pessoas acredita que a implementação do SGQ vai ajudar a corrigir o que pensam estar mal na atuação dos outros/das outras áreas.

É estranho, mas é raro ouvir alguém dizer “Ainda bem que vamos fazer isso porque nessa sequência vou melhorar a minha forma de atuar ou vamos melhorar a nossa área”. Em vez disso, ouve-se com muita frequência algo do género: “Gosto muito da ideia porque assim pode ser que tenham (os outros) que melhorar”.

A partir do momento em que passamos do anúncio do início do projeto para a concretização em si, as reações vão variando. O início do projeto implica o envolvimento (leia-se, discussão, análise, realização da documentação, implementação, … enfim, trabalho) de toda a gente, mas essencialmente dos “donos" dos processos. E aqui mais uma vez existem vários tipos de reações:

a. mais uma vez, os que aproveitam o facto de se poderem definir regras para tentar definir exigências para os outros (Ah sim, porque para eles não é necessário, já acuam corretamente!);


b. os que acham que eles até participam nas discussões/reuniões de trabalho e a qualidade elabora a documentação e vai exigir o seu cumprimento - colocam o/a gestor/a da qualidade no papel de seu escriturário e de polícia/mau da fita;

c. E felizmente, também existem aqueles que se colocam numa posição de participação, e querem saber tudo sobre todas as exigências dos requisitos que lhe digam respeito. São os que além das atividades calendarizadas, chamam sistematicamente o/a gestor/a da Qualidade solicitando que este os ajude a encontrar a melhor solução para cada situação.

Claro que eu, e penso que os/as restantes Gestores/as da Qualidade também, gostaria que todos os intervenientes tivessem reações do tipo referido na alínea c.. Mas o mundo é composto pela diversidade e as Organizações fazem parte desse mundo.

Constatadas estas diferentes reações, penso que a melhor opção (foi pelo menos aquela que segui) é tentar agir de forma pedagógica de forma a tentar influenciar comportamentos / reações.

O lema é o diálogo e a demonstração sistemática das vantagens que se podem obter pela participação, pelo uso do direito de decisão, no fundo por serem os próprios a definir objetivos, formas de planear, de realizar, de controlar e de melhorar as suas áreas.

Não é fácil esta tarefa! As pessoas têm dificuldade em entender que fazer parte do projeto de implementação de um sistema de gestão da qualidade, nada mais é do que fazer parte de um projeto de melhoria da sua área, do seu trabalho, e em última análise, da sua qualidade de vida.

Fazer passar esta mensagem torna-se difícil porque as vantagens não são visíveis de imediato. Mas vão aparecendo…

Quando a base do Sistema de Gestão da Qualidade (determinação de processos, definição da estrutura documental, etc.) começa a tomar forma e quando começamos a implementá-la, pouco a pouco, vão aumentando os adeptos até um patamar que poderemos considerar bastante bom.

Há, no entanto, algo estranho: Fazemos um percurso de meses a dar passos pequenos, mas consolidados até conseguirmos andar normalmente. Melhor, até conseguirmos correr… congratulamo-nos, festejamos, apostamos que estamos no caminho certo e que a partir de agora vai ser mais fácil. A melhoria será mais evidente e havemos de conseguir coisas muito interessantes.

É verdade que estão lançadas as condições, mas não podemos deixar de fazer pressão (controlar, ou talvez motivar/seguir/fazer crescer seja bem mais interessante) nem um minuto sequer. Se o fizermos, quando nos apercebemos, as coisas já não estão tão bem como seria de prever na altura dos festejos.

Há uns anos atrás quando falava com o Diretor Geral da empresa onde fui Gestora da Qualidade sobre isto, ele animava-me dizendo: “Oh Maria de Lurdes, isso não se passa só com a Qualidade, passa-se com todos os temas. Assim que deixamos de seguir, … é estranho… parece que as pessoas que há duas semanas sabiam muito bem como se fazia (!) de repente se esqueceram …”

Sim, talvez isto aconteça com todos os temas. Estou convencida que acontece mais com temas cujos resultados não são visíveis de imediato. Os temas cujo objetivo são resultados (€) são seguidos mais de perto. A chefia segue, acompanha, elogia, … motiva no fundo.

Os restantes temas, … nem sempre se dá à qualidade a importância que dá às vendas, à produção, ou outras. E nessa sequência nenhuma destas áreas entende que a qualidade seja da sua responsabilidade, pelo que colaborar com o/a Gestor/a da Qualidade é algo que fazem por frete ou simpatia – eles até têm tanta coisa para fazer e vem agora este chatear-me com tretas…

Estas são, na minha perspetiva as maiores dificuldades do/a Gestor/a da Qualidade. Dificuldades que doem. Doem muito! Parece que todos os dias nos dizem ou dão a entender que o nosso trabalho não interessa e que além disso só estamos a empatar o trabalho dos outros.

Como é que se ultrapassa?

Não sei se se ultrapassa… ou temos uma grande capacidade de auto motivação, … ou vamos andar muitas vezes no ioiô, ora estamos em cima, ora estamos em baixo.

Tentei fazer algumas coisas que me ajudaram a ficar mais vezes em cima:

A primeira delas foi a formação. Sempre tive muita preocupação em ser rigorosa e ter conhecimento exato daquilo que precisava fazer. Só com esse conhecimento podemos convencer os outros das vantagens do que lhe estamos a pedir e podemos responder sem problemas a qualquer auditoria.

O segundo, não menos importante e dentro do mesmo espírito é a troca de experiências com outras pessoas que desempenham a mesma função. Assim conseguimos identificar formas mais eficazes para conseguir atingir os nossos objetivos.

E por último uma dose enorme de bom senso. Temos que encontrar soluções que façam sentido a cada momento e em cada situação. Não existem receitas pré-feitas e não devemos ser cegos na aplicação dos conhecimentos senão aqueles que já acham que nós os empatamos, ficam ainda mais convencidos disso.

Todas as dificuldades que referi atrás, têm uma grande vantagem: a da aprendizagem. Na minha perspetiva não é possível aprender sem experimentar. Pelo menos não é possível aprender da mesma forma.

Resumindo; implementar Sistemas de Gestão da Qualidade é uma tarefa gigantesca, acima de tudo porque, algumas vezes, não se olha para esta implementação como uma forma de melhorar a organização, mas como um certificado que é necessário obter.

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

O meu contributo para o desenvolvimento sustentável...

Não, eu não sou especialista do tema. Não é nesse papel que partilho este texto. Nem poderia.

Partilho-o enquanto pessoa que habita este "nosso cantinho" há mais de meio século. Tempo suficiente para consumir alguns recursos e para cometer alguns erros. 

Ainda assim, faço parte dum grupo de pessoas que, pelas cirunstâncias em que viveu, acabou por adquirir hábitos menos agressivos para o planeta. 

Deixo um resumo do meu contributo; passado e atual.

Faço parte; 

  • dos que viviam com uma muda de roupa que se lavava ao fim de semana, à mão no poço e secava ao vento - e ainda era roupa dada por familiares e amigos,
  • dos que não tinham carro nem bicicleta - fazia duas horas a pé para escola e o mesmo para ir à vila tratar das compras ou outros assuntos. Para brincar fingia que tinha um carro pegando na roda de um cântaro, rodando as mãos e fazendo um brummm tipo barulho de carro em movimento, 
  • e os poucos brinquedos que existiam eram feitos de paus do chão, folhas de árvores ou simplesmente de terra: por exemplo fazia carteiras com folhas de medronheiro e agulhas de pinheiro, brincava às padeiras amassando terra com água e fazendo pão, contruía casas com pedrinhas e paus,... ,
  • dos que não tinham carne nem peixe(e muito substitutos de...) a todas as refeições e quando havia era toucinho ou sardinhas de escabeche - compravam-se ao quarteirão e depois de fritas davam para uma semana , 
  • não tinham champô, gel e afins (quanto mais maquilhagem!) - usávamos sabão clarim ou azul e branco para o banho, para o cabelo e para roupa, 
  • dos que tomavam banho ao fim de semana num alguidar junto à lareira e secavam o cabelo baixando a cabeça para apanhar o calor da mesma lareira, 
  • dos que para se aquecerem no inverno tinham a lareira com lenha que eles próprios faziam - não  havia electricidade, 
  • dos que estudavam, comiam e faziam tudo o resto à luz de uma candeia),
  • dos que levavam uma alcofa para trazer as compras que usavem até rebentar e mesmo assim ainda era remendada,
  • dos que levavam os sapatos ao sapateiro até não ser possível "remendar" mais,...

Hoje já não faço algumas destas coisas.

Mas, tendo em conta que não me dei mal, continuo; 

  • a usar roupa até que se rompa ou danifique de qualquer outra forma, 
  • a adaptar/transformar as roupas mais usadas ou que deixam de servir,
  • a fazer panos para limpeza ou peças de artesanato, por exemplo rodilhas, das roupas que esgotaram as opções anteriores,
  • usar malas, pastas e outros acessórios até que estejam gastos,
  • a comer pouca carne e a aproveitar tudo o que sobra das refeições, 
  • a trazer os restos das refeições quando as faço fora de casa - levo caixas de casa, que reutilizo e quando se danificam coloco no local de reciclagem adequado, 
  • a ignorar a regra de etiqueta que diz que se deve deixar comida no prato,
  • a usar a aplicação to good to go para adquirir refeições e outros géneros alimentícios,
  • a manter os mesmo móveis ao longo da vida, só trocando quando se danificam,
  • a não usar máquina de secar pois seco a roupa ao ar, 
  • a ter uma única televisão que tem pelo menos 15 anos, 
  • a ter um único telemóvel que só se troca se deixar de funcionar e não tiver reparação, 
  • a ter um único computador que também só troco quando deixa de dar resposta para o trabalho que preciso fazer,
  • a ter um carro que tem 11 anos e que tenciono trocar quando deixar de andar, 
  • a beber água da torneira e reencher garrafas para levar para fora, 
  • a colocar o lixo nos respetivos separadores, mas acima de tudo a não deitá-lo no chão,
  • a levar sacos de pano para ir às compras, 
  • a reutilizar os sacos de plástico para o lixo, 
  • a usar as águas de lavar legumes para a casa de banho ou nas plantas, 
  • a tomar banho, sem deixar a água a correr o tempo todo,
  • a lavar os dentes sem deixar a torneira a correr enquanto escovo,
  • a fechar a luz sempre mudo de divisão e não esteja a usar,
  • a usar cobertores como aquecimento em vez de radiadores,
  • a manter abertas as portas do frigorífico o minímo tempo possível,
  • ...

Sim, também sei que são coisas muito pequenas e por isso poderão ser consideradas pouco significativas. Verdade. Mas não sei se sabem a história daquele Beija-flor que queria apagar um incêndio com a água que transportava no seu bico... um poderei contar... mas o resumo da história é: 

Faço a minha parte! 

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Implementar um Sistema de Gestão da Qualidade de forma rápida ?

Uma questão de sempre; quanto tempo demora implementar um Sistema de Gestão da Qualidade?

Não há como, esta questão está frequentemente em primeiro lugar. 

Em detrimento de; O que esta implementação pode acrescentar ao nosso negócio? Como poderemos fazer para ter melhores resultados?  Que meios vamos precisar para concretizar esse projeto?  Que implicações  isso terá no nosso dia a dia?  Quais são as vantagens efetivas desse implementação? ... poderíamos continuar.

Mas regra geral as mais colocadas são; quanto tempo e quanto custa?

E, podemos obter respostas tão variadas como; 3 meses, 6 meses, 1 ano,... até já uma vez alguém me disse um dia que queria em 3 semanas. E dizia-me essa pessoa: - até porque já trabalhei noutra empresa onde implementamos e certificamos um Sistema de Gestão da Qualidade em 3 semanas.

Às vezes nem sei se ria se choro. 

Se esta é uma questão que gostaria de ver respondida, talvez seja importante falar de temas e/ou situações que podem influenciar esse tempo.

Uma das situações que é importante conhecer é a caracterização da empresa; quantos trabalhadores e quais as suas competências, quantos locais, quais os produtos e serviços, ... 

Não menos importante é saber informações sobre o SGQ (o que já existe e o que se espera); Está definido o âmbito? Qual é? Já foi feito algum diagnóstico que permita à empresa saber quais os requisitos da ISO 9001 que já cumpre?

Outra questão relevante é saber quais as condições e meios que vão ser disponibilizados para este projeto; Existe alguém que possa assumir a responsabildade por este tema? Esta pessoa tem formaçãoe/ou experiência? Qual a sua posição na hierarquia da organização? que nível de participação se pode esperar da gestão de topo?

A resposta a estas questões permite-nos conhecer a realidade com os seus pontos fortes e fracos e sabendo isso é mais fácil pensar num cronograma adequado e se for o caso, numa proposta adequada às necessidades.

A definição deste cronograma e respetivo prazo terá em conta a informação recolhida - citada atrás -, bem como, o nível de conhecimento dos requisitos da ISO 9001 e o conhecimento de quais são as etapas necessárias à implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade.

Na prática estou a querer dizer que a resposta a esta pergunta carece de um diagnóstico/identificação de necessidades, tanto quanto possível detalhado/a. Sem isso, difícilmente teremos uma resposta minimamente realista.

Se achar que conhecer melhor os requisitos da ISO 9001 e quais as etapas necessárias à implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade é importante para si ou para alguém da sua organização, espreite os nossos cursos aqui.

domingo, 31 de julho de 2022

Sentir, compreender e valorizar o outro na sua singularidade.

 Eu trabalho desde os 10 anos. Na verdade até menos. Mas, a tempo inteiro,  trabalho há mais de 35 anos. E que tempo inteiro… Trabalhava das 09h00 às 24h00 com um dia de folga por semana e recebia 13.000$00. Não existia contrato de trabalho escrito e vi a saber recentemente que nunca foram feitos os descontos que a lei exigia na altura.

Quando entrei, uma colega da confiança dos patrões, explicou-me como se deveriam executar as diferentes atividades e logo me foi dizendo que o lugar não era para molengonas. Na verdade, nenhuma molengona aguentaria trabalhar mais de 16h diárias. Ainda estive lá cerca de dois anos, caí nas graças da patroa e consegui regalias tão fantásticas como poder tirar a minha folga repartida por vários dias o que me permitiu usar esse tempo para tirar a carta de condução.

Sim, eu sei,…  para quem não viveu essa realidade, algumas das minhas recordações parecem mesmo tiradas de um filme.

Poderá até parecer que me estou a queixar. Mas não. Para mim, foi uma grande, grande aprendizagem. Só refiro para poder exemplificar a evolução da realidade laboral.

Tal como em tudo o resto, no que se refere ao trabalho, tanta coisa mudou desde então! Na verdade, para ser mais rigorosa a expressão é; no que se refere ao trabalho, para alguns de nós, tanta coisa mudou desde então! Para alguns de nós!

Em determinados períodos do tempo, a prioridade era conseguir direitos mínimos como férias, licenças de maternidade e equiparados, noutros períodos a prioridade era o trabalho infantil, noutros ainda a igualdade de oportunidades, … Talvez em todos os tempos, todas estas! 

Muito trabalho se tem feito.

Muitos movimentos foram criados, muita legislação foi proposta, discutida e publicada. Por muito que nos falte melhorar, e falta, muitos resultados positivos foram já alcançados.

Curioso até, que para além de todas estas mudanças que tem vindo a resultar em melhorias efetivas, existiram também oscilações de semântica. Nesse tempo, os trabalhadores eram os funcionários ou subalternos. Mais tarde, muitas dissertações foram feitas defendo o uso da palavra colaborar em detrimento de trabalhador só para dar um exemplo. Na verdade, estas oscilações mantem-se. Nos últimos tempos algumas opiniões defendem gestão das pessoas em detrimento de gestão de recursos humanos e, há ainda quem defenda, que as pessoas não se gerem, lideram-se. Na verdade, a tendência mais recente é o uso de estrangeirismos, sejam eles quais forem.

Parece-me que mais do que as palavras que se usam, fazem a diferença as atitudes e as ações que tomamos.

Juntam-se a todas estas mudanças, afetando de forma inimaginável a realidade laboral,  a mudança associada à evolução tecnológica.

Alguém que como eu, viveu a sua infância e juventude sem luz elétrica, sem nenhum tipo de meio de comunicação que não fosse o contato pessoal, sem meios de deslocação que não fossem o andar pé e de mula,… jamais poderia imaginar, a título de exemplo, que algum dia pudesse vir a ministrar formação através dum écran para pessoas que podem estar noutro continente. E muito menos ainda dinamizar essa formação com atividades em grupo. 



Na verdade, na altura nem conseguiria imaginar sequer o que seria um écran.

Não existe nenhuma dúvida sobre as vantagens que esta evolução nos tem trazido. Mas, também são evidentes os desafios inerentes, essencialmente no que se refere às pessoas e a tudo aquilo que, enquanto pessoas, precisamos para continuar a sê-lo.

As competências que as organizações pensavam ter, foram postas em causa e mais que a capacidade de adaptação tem sido importante a celeridade com que o conseguimos (ou não) fazer.

Por muitos acrônimos que possamos usar para explicar esta realidade, no meu entendimento, o maior desafio é assegurar que, enquanto trabalhadores/as, podemos continuar a ser pessoas. Podemos continuar a ler e deixar ler o olhar, a sentir e a expressar emoções através do rosto, do brilho nos olhos(ou a falta dele), dos movimentos das mãos, dos dedos, das pernas, do andar e até do cabelo, … podemos continuar a sentir o outro, a observar, ler e responder à linguagem não verbal de forma tão natural como ser Humano.

É verdade que a tecnologia nos permite entrar em contato, em segundos, com alguém que pode estar no outro extremo do planeta. Foi o que nos salvou nesta fase conturbada. Certamente a usaremos com muito mais intensidade a cada dia. Mas, será que nos permite sentir a pessoa? O que ela sente, as suas alegrias, as suas tristezas, os seus medos, os seus desafios, o seu potencial único, … aquilo que partilha connosco quando não nos diz nada?

Dirão alguns que também não é necessário…  Será que não? Será que sentirmo-nos pessoas, pode ter alguma influência no nosso nível de energia, no desenvolvimento das nossas competências e naquilo que, enquanto pessoas, conseguimos (ou não) fazer nas organizações e no mundo?

Por muitas teorias que possamos conhecer, por muitos livros que possamos ter lido, por muitas técnicas que conheçamos, sentir o outro, na riqueza da sua singularidade, ainda continua a ser algo exclusivo das pessoas. De algumas pessoas.

Esta sempre foi e, será cada vez mais, uma competência indispensável à liderança. 

Reinventar essa capacidade para um mundo laboral mais tecnológico e mais disperso é, no meu entendimento, o grande desafio.